Aguardava este jogo com alguma expectativa. Não só por ser o primeiro jogo em casa em mais de três semanas, mas também porque, em quase um mês a treinar a equipa principal, este seria o jogo que Bruno Lage teria mais tempo para preparar. Do outro lado, estava uma equipa que tinha acabado de sofrer uma chicotada psicológica, com Jorge Couto a assumir o comando técnico da equipa axadrezada antes da chegada de Lito Vidigal.
A nossa equipa entrou com vontade de pegar e assumir o jogo, mas seria o Boavista FC a criar a primeira ocasião flagrante de perigo aos sete minutos, com Tahar a rematar ao poste após um brinde de Gabriel. Tudo não passou de um grande susto, até porque dois minutos depois, os encarnados iriam inaugurar o marcador, com João Félix a finalizar de cabeça após um livre batido por Pizzi.
O golo galvanizou a equipa encarnada, que daí para a frente assumiu o controlo do jogo, procurando três momentos de jogo: ou explorando os cruzamentos devido às fragilidades dos axadrezados no jogo aéreo. ou explorando os momentos de transição ofensiva ou as bolas longas em profundidade, explorando o espaço nas costas da defesa adversária. Os lances de bola parada também tiveram um papel importante, com Rúben Dias a cabecear uma bola à barra a meio da primeira parte, após mais um livre lateral batido por Pizzi.
Acabaria por ser com naturalidade que a equipa de Bruno Lage chegaria com naturalidade aos 28 minutos, num momento de transição ofensiva em que Seferovic foi isolado com um passe em trivela de Rafa e a rematar para defesa de Helton Leite e com Pizzi a encostar para o segundo golo. Daí para a frente, o Benfica continuou a dominar o jogo, destacando-se sobretudo pela pressão sufocante após a perda da bola, fazendo com que a equipa axadrezada não conseguisse sair da zona de pressão para partir em transição ofensiva.
Já a equipa do Boavista, sendo incapaz de dar três toques seguidos na bola, era forçada a recorrer ao chuveirinho para conseguir chegar com a bola ao meio-campo adversário. Num desses lances, acabaria por conseguir sacar uma falta. Através desse livre, conseguiu um canto. E nesse pontapé de canto, a má coordenação da nossa equipa permitiu aos axadrezados reduzir a desvantagem aos 42 minutos por intermédio de Talocha, um golo marcado às três tabelas.
O golo da equipa visitante a fechar a primeira parte confirmou o resultado enganador que se verificava ao intervalo. Contudo, este golo sofrido deixou-me chateado, mas não preocupado. Pois estava convicto de que se a equipa se mantivesse fiel à sua estratégia, mantendo a dinâmica e a agressividade, estaria sempre mais perto de marcar um golo do que de sofrer.
No início da segunda parte viu-se um Boavista com mais atitude e mais presença no nosso meio-campo. No entanto aos 54 minutos, numa das poucas vezes que conseguem enviar a bola para a área, a transição ofensiva dos encarnados voltou a fazer estragos. Após a recuperação de bola, Pizzi para para João Félix, que faz uma arrancada fenomenal e tira um passe a régua e esquadro para Seferovic finalizar.
Depois do 3-1, Bruno Lage começou a mexer na equipa. Aos 61 minutos, Zivkovic rendeu Rafa, com este a ser reconfortado por Rui Costa após a sua saída. Aos 73 minutos viria o quarto golo, com os protagonistas do segundo a trocarem de papéis: Pizzi a rematar para defesa do guarda-redes e Seferovic e encostar na recarga. Se é que ainda houvesse dúvidas, a vitória já não fugia mais. Aos 86 minutos, chegaria a mão cheia com Alex Grimaldo a marcar um daqueles golos de levantar o Estádio, com um remate de fora da área a fazer um arco, contornando o guarda-redes adversário. Até ao final, ainda houve tempo para Vlachodimos ser herói, ao defender uma grande penalidade cobrada pelo veterano Mateus após falta de Samaris.
Foi uma vitória de mão cheia no regresso ao Estádio da Luz, naquela que foi a exibição mais bem conseguida desde a promoção de Bruno Lage, com João Félix e Pizzi em particular evidência. Seferovic marcou dois golos e desperdiçou outros tantos. Tratando-se de um avançado com pouca qualidade técnica, muitas vezes precisa de mais um toque para ter a bola controlada. E muitas vezes, esse toque a mais pode ser o suficiente para um golo certo se transformar numa oportunidade desperdiçada, principalmente contra um guarda-redes com grande envergadura e sentido posicional como Helton Leite. No entanto, o suíço não deixa de ser um jogador preponderante na equipa, pela forma como abre espaços na defesa adversária com as suas movimentações.
Outro aspecto positivo foi a melhoria do comportamento da equipa nos lances de bola parada, que se deve a dois aspectos: primeiro, Pizzi bate as bolas de forma muito mais tensa, ao contrário da forma amorfa como batia os lances, fazendo com que a bola chegasse "morta" à área, tornando-se numa presa fácil para os adversários; segundo, enquanto antes os jogadores mais perigosos no jogo aério ficavam "presos" no coração da área, agora aparecem de trás para ganhar balanço. Reparem no posicionamento do Félix no início do lance do primeiro golo.
Seguem-se dois jogos seguidos contra o Sporting CP, que darão para ver onde esta equipa podrá realmente chegar. Carrega Benfica!
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