sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O dilema dos avançados do Benfica


O mercado de Inverno já fechou e o último dia foi agitado para os lados da Luz. O clube encarnado acabaria por se destacar dos rivais por não ter contratado nenhum jogador, garantido apenas a contratação do extremo brasileiro Caio Lucas para a próxima temporada. Já o último dia em particular, ficaria marcado pelas saídas dos avançados contratados no Verão: Nicolas Castillo e Facundo Ferreyra.

Quem me conhece, sabe a minha opinião em relação a ambos os jogadores e vou colocá-la de parte para este texto. A saída dos dois avançados que acabaram por ter um rendimento decepcionante nas poucas oportunidades que tiveram, sem que houvesse alguém a ser contratado para os seus lugares gerou uma forte contestação por parte dos adeptos. Eu próprio, desejei a contratação de mais um avançado, visto que nenhum dos pontas-de-lança da equipa B me tem convencido.

No entanto, parei para pensar e depois de ter puxado pela minha memória, relembrei-me que esta situação não é inédita no Benfica e que nas últimas temporada, o nosso plantel tem tido quase sempre 3 avançados, sendo que em grande parte das épocas desta década, temos jogado em 4-4-2. Mas para clarificar melhor os factos, pegando no tweet que postei há bocado, irei aqui relembrar o ataque de cada uma das épocas do Tetracampeonato.



Época 2013/2014 - Lima, Rodrigo, Cardozo e Funes Mori


Com aquele que é na minha opinião, o melhor plantel do Benfica dos últimos 30 anos, o Benfica iniciou a época com três avançados: Lima, Rodrigo Moreno e Óscar Cardozo, sendo que o paraguaio esteve grande parte da pré-temporada sem comparecer no Seixal devido ao diferendo com o clube causado pelo incidente com Jorge Jesus no na final da Taça de Portugal. Após um pedido de desculpas público, Óscar Cardozo voltaria a treinar no CFC, sendo reintegrado na equipa mais tarde. Pelo meio, seria contratado o argentino Rogelio Funes Mori ao River Plate a troco de 2 milhões de euros.

A época oficial iniciaria com Lima a assumir a titularidade, com a posição de segundo avançado a ser alternada entre Rodrigo, Markovic e Djuricic, até Cardozo recuperar a condição física, assumindo a titularidade no jogo da 4ª jornada contra o Paços de Ferreira. Depois de desatar a marcar golos, em Novembro contraiu uma lesão que o deixaria no inactivo durante mais de dois meses. Daí para a frente, Lima e Rodrigo viriam a formar a dupla atacante da equipa.

Depois de recuperar, Cardozo viria a ficar no banco de suplentes, alternando com Lima e Rodrigo nos jogos das Taças e da Liga Europa. Funes Mori jogou grande parte da época na equipa B, realizando apenas cinco jogos pela equipa principal. E praticamente com três avançados, ganhámos três títulos e chegámos a uma final europeia.



Época 2014/2015 - Lima, Derley, Jonas e Nelson Oliveira/Jonathan Rodriguez


Óscar Cardozo foi vendido ao Trabzonspor e Funes Mori foi emprestado ao Eskisehirspor. Derley foi contratado ao CS Marítimo após ter sido o segundo melhor marcador do campeonato na época anterior e Nelson Oliveira regressou à equipa após ter sido emprestado ao Rennes. 

No início da época, o médio ofensivo Anderson Talisca jogou a segundo avançado no apoio a Lima. Jonas chegou ao Benfica em Setembro, depois de ter rescindido contrato com o Valência, estreando-se em Outubro no jogo da 7ª jornada contra o FC Arouca. 

Daí para a frente, Jonas formou dupla atacante com Lima, excepto na Champions visto que chegou ao clube já depois do fecho das inscrições. Juntos, marcaram 41 golos nesse campeonato, com Derley a ser a alternativa e Talisca a recuar para o meio-campo. Entretanto, Nelson Oliveira jogaria apenas dois jogos, ambos como suplente utilizado e seria emprestado em Janeiro ao Swansea City. No mesmo mês, seria contratado o uruguaio Jonathan Rodriguez ao Peñarol, mas este só jogou cerca de 10 minutos no jogo da 28ª jornada contra a Académica, jogando mais na equipa B.



Época 2015/2016 - Jonas, Mitroglou, Jiménez e Jovic


Derley foi emprestado ao Kayserispor. Lima jogou no jogo da pré-temporada contra o PSG e pouco depois foi vendido ao Al-Ahli. Nelson Oliveira e Jonathan Rodriguez também fizeram a pré-temporada com a equipa principal, mas acabaram por ser emprestados ao Notthingam Forest e Deportivo da Coruña, respectivamente.

Poucos dias antes da Supertaça, o Benfica anunciou a contratação de Konstantinos Mitroglou, a título de empréstimo do Fullham. Uma semana depois, foi contratado Raúl Jiménez. Os dois avançados alternariam a titularidade entre si na primeira metade da época. Na segunda metade da época, o grego assumiu a titularidade ao lado de Jonas, enquanto o mexicano afirmou-se como a arma secreta da equipa a partir do banco. Pelo meio, seriam contratados no mercado de inverno as jovens promessas sérvias Igor Saponjic e Luka Jovic. Saponjic não passou da equipa B e Luka Jovic fez dois jogos pela equipa principal, ambos como suplente utilizado.



Época 2016/2017 - Jonas, Mitroglou, Jiménez, Gonçalo Guedes e Jovic


Kostas Mitroglou foi contratado a título definitivo a troco de 7 milhões de euros. O gestão inicial dos avançados manteve-se com Mitroglou e Jiménez a alternarem entre si consoante a forma de cada um. Após a primeira paragem para as selecções, os quatro avançados estavam lesionados, o que fez com que a dupla atacante no jogo da 4ª jornada do campeonato contra o FC Arouca fosse formada por Rafa e Gonçalo Guedes e no jogo seguinte para a Champions contra o Besiktas, fosse formada por Cervi e Guedes.

Entretanto, Gonçalo Guedes assumiu o lugar de Jonas durante a sua lesão e seria vendido ao PSG em Janeiro. Daí para a frente, seria Rafa a jogar a segundo avançado enquanto o brasileiro estava indisponível, enquanto Jonas e Jiménez continuavam a alternar, com algumas lesões do mexicano pelo meio. Luka Jovic passaria a época na equipa B, jogando apenas dois jogos como suplente utilizado na equipa principal.


Actualmente, o ataque do clube está entregue a um jovem em ascensão no futebol e a um jogador que está a fazer a melhor época da sua carreira e ao Jonas que mesmo não estando saudável, é capaz de dar um ar da sua graça (isto, meses depois de muitos benfiquistas terem pedido a cabeça do presidente devido à sua possível saída). Infelizmente, Castillo e Ferreyra eram jogadores bem remunerados e não corresponderam às expectativas. E reitero: acho que devíamos ir buscar mais alguém, mas são estes que cá temos e com os quais vamos à luta e como tal, são estes que vamos apoiar.
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