sábado, 16 de junho de 2018

Análise da época - Hóquei em patins 2017/2018


Ninguém pode ficar indiferente àquilo que aconteceu esta temporada no hóquei em patins do Benfica. Os Pintos e os Raínhas desta vida não podem justificar tudo. E depois do final vergonhoso que se viu, há coisas que têm de mudar. Comecemos pelo início:

Tudo começou quando, depois da forma descarada como o campeonato nos foi roubado na época passada e da nomeação dos irmãos Pinto para arbitragem o jogo entre o Benfica e o FC Porto para as meias-finais da Taça de Portugal, o Sport Lisboa e Benfica decidiu fazer um boicote à Final Four da Taça, não comparecendo na competição, e ainda marcando um treino no pavilhão para a hora do jogo.

Antes de mais, devo dizer que sou contra qualquer boicote que o clube faça a qualquer competição que seja, pois acho que uma atitude deste género vai contra os valores e os princípios do Sport Lisboa e Benfica. Depois, tendo em conta que a nossa equipa de hóquei está repleta de jogadores que sentem e vivem intensamente o nosso clube, estou convencido que este boicote não foi uma decisão unânime na equipa. Ainda para mais, apesar desta "guerra" com a Federação Portuguesa de Patinagem, Diogo Rafael e João Rodrigues não renunciaram à selecção nacional, representando assim "os uirsos" no campeonato do mundo disputado na China. Toda esta situação deu claramente a entender que algo não estava bem no balneário.

Dentro da quadra, as coisas até começaram bem: a equipa do Benfica conquistou a Elite Cup, competição oficiosa que reúne as oito melhores equipas nacionais. No campeonato, as coisas também foram correndo dentro da normalidade, derrotando os seus adversários com maior ou menor dificuldade.

O ponto alto da temporada surgiu aquando da conquista da Taça Intercontinental, com uma vitória na final sobre o Reus por 5-3. De seguida, começaram os confrontos entre grandes, com o Benfica a conseguir um empate nas casas da Oliveirense e do Sporting (ambos a quatro golos) e uma vitória categórica sobre o FC Porto por 6-2. Mais tarde, o Benfica carimbaria o apuramento para os quartos-de-final da Liga Europeia.

A partir de Março, as coisas começaram a descambar com a equipa a consentir um empate em casa do AD Valongo, num jogo onde a Sociedade Pinto e Rainha voltou a ser protagonista. Seguiram-se os quartos-de-final da Liga Europeia contra o FC Porto. Depois de uma vitória por 3-2 na Luz, a equipa encarnada seria humilhada no Dragão por 9-2. No fim-de-semana seguinte, haveria mais uma derrota no Dragão Caixa, desta vez por 5-2 para a Taça de Portugal. Esta senda de maus resultados fez com que as expectativas baixassem significativamente.

Regressando ao campeonato, a equipa conseguiu uma vitória em Barcelos (1-3) e em casa contra a Oliveirense (5-2). Aproveitando um deslize do Sporting em Barcelos (2-2), a equipa estava relançada na luta pelo título quando ia voltar a deslocar-se a casa do FC Porto. Desta vez, a nossa equipa conseguiu sair viva do Dragão com um empate a sete golos e ficaria apenas a depender de si própria. Mas na jornada seguinte, a equipa deixou fugir o pássaro da mão. Num pavilhão cheio, a equipa não foi capaz de levar a melhor sobre o Sporting CP, sendo humilhada com uma derrota por 4-7, deitando assim para o lixo a oportunidade de recuperar o título que lhes foi arrancado à força no ano passado.

Esta época na modalidade foi um fracasso. A meu ver, tínhamos claramente o melhor plantel em Portugal e um dos melhores da Europa. Jogadores como Toni Balilu, Rafa, Telmo Pinto, Toni Pérez, João Pinto ou Nuno Araújo se estivessem no Benfica, jogariam tanto ou menos do que o Miguel Rocha e o Vieirinha. E a meu ver, não há nenhuma equipa no mundo com excepção do Barcelona que tenha capacidade e profundidade para se dar ao luxo de deixar um João Rodrigues ou um Adroher fora do 5 inicial. Vai agora uma análise individual a alguns dos jogadores:

Pedro Henriques - regressou ao Benfica depois de um ano emprestado aos espanhóis do Reus. Nessa época em Espanha, perdemos uma Liga Europeia, mas ganhámos um guarda-redes para 10 anos. E o que é facto, é que a época fracassada da equipa em pouco ou nada se deve ao guarda-redes formado no nosso clube. Sentou Trabal no banco realizou uma época de grande nível, afirmando-se como um dos melhores guarda-redes do mundo;

João Rodrigues - quiçá devido ao desgaste do Mundial na China, teve um início de época discreto. Mas assim que começou a carburar, nunca mais parou. João Rodrigues é um jogador completo, com qualidade técnica, com presença na área, forte nas bolas paradas, é um goleador nato, sendo autor de 69 golos esta época Após anos de namoro, deu-se finalmente o casamento com o Barcelona. Aguardo o seu regresso;

Jordi Adroher - o melhor da equipa juntamente com João Rodrigues. Parece estar melhor a cada ano que passa. É habilidoso, goleador e possui um carácter extraordinário. É daqueles jogadores com uma alma inesgotável e à volta dos quais se deve construir uma equipa. Marcou 50 golos nesta época;

Carlos Nicolía - é um dos melhores jogadores do mundo e um dos melhores jogadores da história do Benfica. O seu valor não é minimamente colocado em causa. Porém, nesta época, Nicolía mostrou uma atitude bastante individualista e que não fazia a diferença que se exigia, principalmente nos jogos grandes. Ainda para mais, Pedro Nunes utilizava-o de forma abusiva, sendo quase sempre o jogador de campo com mais minutos nos jogos. Talvez este problema se resolva com a contratação de um treinador a sério, mas já lá vamos...

Miguel Rocha e Vieirinha - são os dois jogadores mais novos do plantel. Miguel Rocha é um jogador com uma enorme raça e exímio na meia-distância. Vieirinha é uma das grandes promessas do hóquei mundial, é um jogador rápido e de grande qualidade técnica, sendo fortíssimo nas transições, tendo aos 21 anos, duas Taças CERS e dois Mundiais de sub-20 no currículo. Porém, apesar de serem jogadores polivalentes e que acrescentam coisas novas à equipa, são duas opções a menos nos jogos de maior importância. Por algum motivo, Pedro Nunes não confia nestes jogadores para os jogos de maior importância, o que faz com que estes tenham menos minutos que o desejado e que não confirmem o seu potencial.

Pedro Nunes - em cinco anos no Benfica, ganhou praticamente tudo o que havia para ganhar (falhou apenas a Supertaça) e não lhe retiro mérito por isso. Porém, o banho táctico que levou do Paulo Freitas no jogo do título pôs a nu todas as suas deficiência enquanto treinador. A defender a equipa é uma nulidade e quando corre atrás do prejuízo, joga mais com o coração do que com a cabeça. A ele agradeço tudo o que deu ao nosso clube, mas não há condições para continuar.


As mexidas no plantel também já são todas conhecidas, apesar de nem todas ainda terem sido anunciadas oficialmente pelo nosso clube. O mercado no hóquei em patins é muito curto e por norma, as confirmações de transferências surgem muito cedo.

O guarda-redes Guillem Trabal está de saída. Após cinco anos ao serviço do nosso clube e estando já na curva descendente na carreira, o guarda-redes de 37 anos irá abraçar um desafio nos italianos do Valadagno. Para o seu lugar virá Marco Barros do HC Turquel, guarda-redes que fez formação no Benfica e que representou a equipa principal em 2008/2009. Em termos de qualidade individual ficamos claramente a perder, mas se Pedro Henriques mantiver o seu nível essa diferança não se deverá notar. Será um reforço para o balneário.

Tiago Rafael também está de saída. Cumprindo a sua segunda estadia no nosso clube, o defesa de 35 anos tem sido muito fustigado por lesões e estará de regresso a Turquel. Para o seu lugar virá Xavier Cardoso do AD Valongo. Este defesa/médio de 23 anos foi campeão nacional em 2013/2014 e está pré-convocado para o Europeu do próximo mês. É um jogador com grande margem de progressão, mas se Pedro Nunes continuar na equipa será mais um jogador a ser "queimado".

Como já referi. João Rodrigues foi para o Barcelona. O interesse já era antigo e desta vez, o capitão da selecção nacional não conseguiu resistir. Como moeda de troca virá o argentino Lucas Ordoñez, avançado que forma dupla atacante com Nicolía com a selecção alviceleste. A equipa ficará a perder presença na área, mas ganhará mais um jogador capaz de tirar um coelho da cartola a qualquer momento.

Apesar de serem três trocas por troca, o plantel pode não está fechado. Isto porque, para quem ainda não sabe, o campeonato vai ter ainda mais 10 jogos na próxima época. Na próxima época, o campeonato vai ter uma Fase Regular e posteriormente uma Fase de Apuramento do Campeão entre os seis primeiros classificados, à imagem do que se sucede no andebol.

Como tal, acho necessária a contratação de um décimo primeiro jogador que possa acrescentar profundidade à equipa. Um defesa seria mais importante tendo em conta o número elevado de golos sofridos nas últimas duas temporadas.

Em breve deverão surgir mais novidades (principalmente quanto ao futuro do treinador, que está em final de contrato) e o Europeu. Quando começar a nova época, surgirá a tradicional antevisão.
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