No último dia 19 de Maio, a nossa equipa de júniores conquistou o seu 24º título de campeão nacional no escalão, título esse que foi consumado com uma vitória sobre o Leixões SC por 3-1, na antepenúltima jornada da Fase de Apuramento do Campeão nacional.
Este título foi conseguido cinco anos após o último campeonato ganho no escalão, em 2012/2013, com aquela que ainda hoje é uma das melhores gerações de sempre do Caixa de Futebol Campus, que contava com Bruno Varela, João Cancelo, Fábio Cardoso, João Teixeira, Bernardo Silva, Hélder Costa e Sancidino Silva.
Daí para a frente, a política dos escalões jovens mudou, principalmente da equipa de júniores. Daí para a frente, a conquista do título de sub-19 deixou de ser uma prioridade. A partir dessa altura, o clube começou a dar uma maior importância à evolução individual de cada jogador, promovendo-lhes a competição necessária para que pudessem continuar a evoluir. Com isso, os jogadores de uma certa geração com maior potencial "queimavam etapas" e eram promovidos aos escalão seguinte.
Com esta nova política, a equipa de júniores foi a que mais ficou prejudicada, porque tendo em conta que a equipa B era a etapa de formação em que os nossos jovens jogadores estabeleciam o primeiro contacto com a realidade do futebol sénior profissional, os juniores de maior potencial eram promovidos para a equipa B e jogavam apenas pelo seu escalão nos jogos da Youth League e num ou noutro jogo do campeonato.
Nesta temporada, que ficou marcada por mudanças na direcção do CFC, com Nuno Gomes a ser substituído por Pedro Mil-Homens, a política mudou. Na Fase de Apuramento do Campeão, João Tralhão fez regressar João Félix, João Filipe e Nuno Santos da equipa B e mais tarde, Florentino Luís e Gedson Fernandes seguiram o mesmo caminho. Isto, numa temporada em que os adversários directos começaram a adoptar a mesma política: o FC Porto promoveu Diogo Costa, Diogo Dalot, Diogo Leite e Diogo Queirós; o Sporting CP promoveu Tiago Djaló, Miguel Luís e Rafael Leão; o Sporting de Braga promoveu Francisco Trincão.
Na 1ª fase da Zona Sul, a política manteve-se. João Tralhão acolheu a talentosa geração de 2000, que contava com jogadores como Pedro Álvaro, Gonçalo Loureiro, Diogo Capitão, Tiago Dantas, Rodrigo Conceição, Kevin Csobooth, Luís Lopes e o ainda juvenil Úmaro Embaló, bem como o montenegrino Vukotic, recrutado ao Vitória de Setúbal.
Sem João Félix e companhia, a espinha dorsal da equipa de júniores na Zona Sul era maioritariamente constituída por júniores de primeiro ano. E apesar de termos perdido os dois jogos contra o Sporting (0-2 no Seixal e 2-1 em Alcochete), terminámos a Zona Sul como líderes isolados (algo que não tinha acontecido nas últimas duas temporadas), muito graças aos 16 golos marcados por Luís Lopes.
Já na Fase de Apuramento de Campeão tivemos um percurso praticamente irrepreensível, que nos valeu o título nacional a duas jornadas do fim. Farei agora aqui uma análise a alguns dos jogadores e posições desta equipa:
Diogo Garrido e Celton Biai - Diogo Garrido foi um dos poucos júniores de 2º ano titulares na Zona Sul. No entanto, problemas com lesões acabariam por entregar as nossas redes a Celton Biai, ainda júnior de 1º ano. Mas a verdade é que a meu ver, nem um num o outro mostram o potencial necessário para aspirarem por um lugar na equipa principal no futuro. Foram o elo mais fraco da equipa;
Luís Pinheiro e Nuno Tavares - ambos júniores de primeiro ano, foram os donos das laterais direita e esquerda, respectivamente. Ambos mostraram ser jogadores bastante competentes ao longo da época, sólidos a defender e eficientes a atacar. São dois jogadores a observar num futuro próximo;
Pedro Álvaro, Gonçalo Loureiro e Miguel Nóbrega - os três ainda são júniores de primeiro ano. O primeiro já foi habitual titular nos júniores na época passada e já se estreou na equipa B. Os três alternaram entre si as duas vagas no centro da defesa. Ambos mostram boas qualidades a nível físico e técnico. Porém, na posição em que jogam precisam de ser mais agressivos. Essa lacuna foi particularmente visível nos jogos da Youth League, mas o talento e o potencial estão lá;
Diogo Capitão - foi o pronto-socorro da equipa. é médio-defensivo de origem, mas também tem sido aposta a defesa-central e lateral-direito, mostrando ser um jogador bastante seguro em ambas as posições. Outro jogador a observar;
Ilija Vukotic - um achado. Não tem muita qualidade técnica, mas é inteligente a ler o jogo, sabendo colocar-se no sítio certo para recuperar a bola. Também foi um grande auxilio à defesa, devido à sua grande estampa física e agressividade. Poderá estar aqui o derradeiro sucessor de Ljubomir Fejsa;
Tiago Dantas - teve o infortúnio de se lesionar com gravidade já na fase de apuramento do campeão. Comecei a observá-lo na época passada quando ainda era juvenil e vi que está ali um nº 10 puro. Tem aquele toque de bola que só pertence aos craques e é capaz de resolver um jogo com um simples gesto técnico. Se evoluir fisicamente como Bernardo Silva evoluiu, tem tudo para se tornar num caso muito sério no futebol português;
David Tavares - foi resgatado ao Sporting e na época passada, foi um dos poucos jogadores que sobressaiu no campeonato, destacando-se como um extremo tecnicista e desequilibrador. Nesta temporada, parecia estar a perder-se ao ter sido apenas duas vezes titular até Janeiro, sendo que numa dessas vezes foi expulso aos 15 minutos de jogo. No entanto, já nesta segunda fase ele apareceu no onze titular no meio-campo. Dono de uma capacidade física acima da média para a sua idade, David Tavares alia a qualidade técnica e uma grande entrega ao jogo, tornando-se num dos jogadores mais importantes na conquista do título. Excelente trabalho de João Tralhão ao transformar este extremo num box-to-box;
Luís Lopes - chegou ao Benfica a meio da época passada e rapidamente mostrou os seus dotes de goleador. Foi o artilheiro da Zona Sul, mostrando-se como um avançado bastante completo. Um avançado bastante móvel, tecnicista, bom no jogo aéreo e também um bom executante de livres directos;
João Felix - dos jogadores que vieram da equipa B, é o único de que irei falar. Isto porque antes, ele tinha jogado preferencialmente a médio ofensivo ou a extremo, onde já mostrava um grande potencial. Mas ao regressar aos juniores assumiu-se como a principal referência ofensiva da equipa, e de que maneira! O menino de 18 anos é um autêntico quebra-cabeças para as defesas adversárias com a sua técnica inteligência de jogo acima da média e a sua capacidade de progredir no terreno de jogo com a bola coladinha ao pé não deixa ninguém indiferente. Na próxima época, no mínimo fará a pré-temporada na equipa principal.
Agora, há aqui outra coisa que quero falar. Como referi acima, nesta temporada, os juniores que jogavam na equipa B foram despromovidos para disputar a Fase do Apuramento de Campeão. Mas afinal, o que é que levou o clube a reverter essa política?
A resposta é simples: Youth League. Ao contrário do campeonato, a Youth League tem sido uma competição onde a nossa equipa de júniores tem apostado forte. Em cinco edições disputadas, a nossa equipa foi finalista vencida em duas e chegou aos quartos-de-final noutras duas. Só nesta temporada a equipa não conseguiu passar a Fase de Grupos devido a um golo mal anulado no jogo da última jornada.
Como todos devem saber, cada clube cuja equipa senior consegue apurar-se para a Fase de Grupos da Champions, a sua equipa de júniores entra automaticamente na Youth League, jogando contra os mesmos adversários da equipa sénior. O que muitos ainda não sabem, é que existe uma ronda
"alternativa" da Youth League, onde se disputam os campeões de juniores dos respectivos países.
Esta ronda foi criada a partir da temporada 2015/2016, sendo apelidada de Caminho dos campeões nacionais. A ronda funciona da seguinte forma:
Este caminho dos campeões nacionais é composto pelos clubes campeões nacionais de júniores dos 32 países melhor classificados no ranking da UEFA. Caso uma desses clubes já tenha conseguido o apuramento para a competição através da sua equipa sénior, esses clubes irão disputar o caminho da UEFA Champions League, ou seja, irá disputar a Fase de Grupos; sendo que a sua vaga será ocupada pelo campeão nacional júnior do país seguinte mais bem classificado (se houver uma equipa campeã na Fase de Grupos, irá o campeão do júnior do 33º classificado do ranking e assim sucessivamente).
Estas 32 equipas que entram no Caminho dos Campeões disputam-se em eliminatórias a duas mãos. Sendo o Caminho dos Campeões composto por duas eliminatórias, no final das mesmas irão sobrar oito equipas.
Posteriormente, as oito equipas que sobreviveram ao Caminho dos Campeões irão disputar um play-off contra os segundos classificados da Fase de Grupos. Esse play-off é decidido em apenas uma mão e é sempre disputados em casa das equipas que passaram pelo Caminho dos Campeões.
No final, as equipas que saírem vencedoras desse play-off irão disputar os oitavos-de-final com um dos primeiros classificados da Fase de Grupos.
Ora, como todos também devemos saber, Portugal teve recentemente uma queda no ranking da UEFA que fez com que nesta temporada, apenas o campeão nacional tenha acesso directo à Fase de Grupos. Ora, tendo em conta queda no ranking e também a época menos conseguida que a nossa equipa principal vinha a fazer, o clube decidiu precaver-se desta forma de modo a conseguir apurar-se para a Youth League.
Como tal, a nossa equipa de júniores já tem a vaga garantida através do Caminho dos Campeões, mas caso a nossa equipa sénior consiga carimbar o apuramento para a Fase de Grupos da Champions no início da próxima época, a nossa equipa de juniores disputará a Fase de Grupos e a sua vaga será atribuída a um campeão nacional júnior de outro país.
E se as coisas correrem bem, muitos destes campeões nacionais de juniores irão disputar a UEFA Champions League daqui a uns aninhos...
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